Espiritualidade e o cuidado do(a) educador(a)

Resumo: O presente artigo tem por objetivo refletir a espiritualidade e o cuidado dos educadores e das educadoras, principalmente neste período de pandemia da COVID-19, que revelou a fragilidade humana, a desigualdade social e necessidade do cuidado de si, do outro e da natureza. Para tanto, busca colaborar, de forma teórica e prática, com o conhecimento e a vivência da espiritualidade e do cuidado no âmbito escolar. A partir do método ver, julgar e agir, contextualiza-se e demonstra o descuido com a vida; define os termos espiritualidade e cuidado; e apresenta o cultivo da Espiritualidade e do cuidado de quem educa por intermédio de um relato de experiência. Usamos como metodologia a pesquisa bibliográfica com um aporte reflexivo e crítico baseado no pensamento de Casaldáliga (1993); Boff (2013, 2014, 2020); Freire (1993, 2016); Noddings (2003); Mortari (2018); Santos, 2020; e Villas Boas (2017). Desse modo, é evidente que não é possível trabalhar tais conceitos separados, visto que estão na constituição humana e vinculados na construção de uma sociedade fundamentada na responsabilidade e no cuidado com o ser humano, os outros seres vivos e os não vivos.

Palavra-chave: Crise, Espiritualidade, Educadores, Cuidado.

Texto completo aqui.

Autores

Lucas Henrique Pereira Duarte, PUCPR. Educador popular. Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) (2021). Formado em Filosofia pela Faculdade de São Bento de São Paulo (2017) e em Teologia pelo Instituto São Paulo de Estudos Superiores (2016). Membro do Grupo de Pesquisa Teologia Pública em Contexto Latino-Americano. Tem experiência em Estudos nas Humanidades, com ênfase em Teologia Sistemática, Pastoral e Política, com publicações sobre sistema carcerário em perspectiva abolicionista.

Rafael Furtado da Silva, PUCPR. Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Especialista em Neuropsicopedagogia Aplicada à Educação pela Faculdade Bagozzi. Especialista em Psicopedagogia com ênfase em Educação Especial pela Faculdade Itecne. Graduado e licenciado em Filosofia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Licenciado em Pedagogia pelo Centro Universitário Internacional (Uninter).

Jean Marcos Gregol Gwiazdecki. Bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Atua como coordenador de pastoral escolar em Curitiba-PR. 

A liberdade religiosa em pauta

Resumo: Diante da crescente relevância social das igrejas evangélicas e pentecostais tanto demográfica quanto politicamente, faz-se necessário observar sua atuação legislativa, onde a temática da liberdade religiosa mostra-se recorrente. Por meio de uma análise bibliográfica, analisa-se o PL 6238/2019 e sua árvore de projetos apensados, detectando uma ênfase na questão da liberdade de manifestação, expressão e discurso religiosos. Como resultado, questiona-se a pertinência jurídica dos projetos e sua possível ineficiência no que diz respeito ao tema que abarcam. Identificaram-se: (i) um certo receio de punição em relação às questões acerca da sexualidade, elemento explícito em algumas propostas e implícito em outras, como quando se utilizam de expressões que fazem referência a certos comportamentos sociais; (ii) o uso de uma linguagem teológica cristã; (iii) um pano de fundo teológico-político exclusivista-autoritário; (iv) pluralidade da origem dos proponentes tanto partidária quanto regional; (v) uma constância na filiação religiosa dos proponentes a grupos pentecostais.

Palavras-chave: PL 6238/2019, Liberdade Religiosa, Pentecostais.

Jefferson Zeferino, Programa de Pós-Graduação em Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná por meio do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD/CAPES). Doutor em Teologia. Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná por meio do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD/CAPES).

Eduardo Soncini Miranda, UNICAMP Doutor em Ciência Política pela UFPR. Executa pesquisa de pós-doutorado em Educação na UNICAMP.

Texto completo aqui.

Unida de Vitória recebe Rudolf von Sinner

O Prof. Dr. Rudolf von Sinner participou de encontro da Cátedra de Teologia Pública da Faculdade Unida de Vitória. A atividade dirigida pela Profª. Dra. laudete Beise Ulrich pelo Prof. Dr. José Mário Gonçalves aconteceu em outubro de 2021. Nesse encontro o Sinner expôs seu texto: “Teologia Pública no Brasil: procurando sua voz em diálogo com o contexto e tendências“. A gravação está disponível no canal da Faculdade Unida no Youtube.

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A Teologia Pública de Rudolf von Sinner

O que é teologia pública? Perguntamos a Rudolf von Sinner. Ele nos dirá que há muitas definições. Mesmo assim, os teólogos públicos podem se reunir e se concentrar em questões importantes que confrontam a esfera pública.

O teólogo brasileiro Rudolf von Sinner preside o Comitê Executivo da Rede Global de Teologia Pública (GNPT). Atualmente, o GNPT lançou uma chamada de artigos para sua próxima 6ª conferência internacional, de 3 a 6 de outubro de 2022, sobre “Teologias Públicas em Cidades Vibrantes: Preciosas e Precárias”, em Curitiba, Brasil.

Texto original publicano em Patheos.com por Ted Peters.
Nesta série Patheos estamos perguntando:  o que é teologia pública? Entrevistamos vários teólogos públicos conscienciosos que são apaixonados pelo bem comum. Conheça Katie DayBinoy Jacob, Robert BenneNoreen HerzfeldPaul ChungKang Phee SengMwaambi Gideon Mbûûi e Karen Bloomquist. Nossa noção de trabalho tem sido esta: a teologia pública é concebida na igreja, aperfeiçoada criticamente na academia e entrelaçada com o mundo em prol do bem comum do mundo.

Como você e a Rede Global de Teologia Pública definem “Teologia Pública”?

RUDOLF VON SINNER: Não há uma única definição de teologia pública em sua definição conceitual e contextual. Tem havido bastante discussão sobre isso. Perguntando: “o que é teologia pública?” ocupou os primeiros números do International Journal of Public Theology, periódico fundado por e em conjunto com a Rede Global de Teologia Pública (GNPT) em 2007.

Na verdade, é uma discussão contínua. Portanto, sempre falo de “uma” e não de “a” teologia pública. O que, de alguma forma, todos compartilhamos entre aqueles que usam o termo é uma preocupação com o papel e o lugar da religião e da teologia na esfera pública. Entendemos a esfera pública como o espaço em que a opinião e a posição pública são formadas e debatidas, nomeadamente através de organizações da sociedade civil, entre elas as igrejas cristãs.

Eu mesmo foco na teologia pública como teologia da cidadania no Brasil. Eu entendo a cidadania não restrita a uma nação, a um país específico. Pelo contrário, um cidadão tem direito e consciência de direitos e deveres, bem como acesso efetivo ao reconhecimento, proteção, saúde, educação, lazer e afins de acordo com tais direitos humanos e fundamentais. A cidadania é, portanto, um conceito inclusivo e não exclusivo.

A teologia pública também analisa criticamente a presença factual das religiões, principalmente das igrejas cristãs, em esferas públicas específicas. O teólogo público discute a relevância de tal presença e orienta construtivamente tanto as igrejas quanto as autoridades estatais sobre tal presença. O teólogo público oferece contribuição (e não imposição) de dentro da sociedade civil, estando em constante diálogo com outras religiões, outras associações da sociedade civil e a academia. Como recursos, o teólogo público colhe tanto a Escritura quanto sua tradição e interpretação ao longo dos séculos e uma interpretação interdisciplinar da sociedade contemporânea em um contexto global.

Curitiba, 3 a 6 de outubro de 2022. O que a Rede Global de Teologia Pública realizará?

RUDOLF VON SINNER. A conferência de Curitiba tem como tema principal “Teologias Públicas em Cidades Vibrantes: Preciosas e Precárias”. Conforme declarado no site da Rede Global de Teologia Pública, a lógica por trás do tema é que “As cidades vibram, brilham, ressoam”. São vibrantes, dizem as brochuras turísticas – animadas, ou seja, interessantes para quem procura boa comida, vida noturna e entretenimento. Mas muito mais do que isso, a vida pública está vibrando. O que essas vibrações significam? Que tipo de vibrações estamos sentindo? A quais estamos sistematicamente fechando nossos sentidos?

As cidades são preciosas e precárias. Eles representam o precioso: criatividade, mobilidade, som, cor, construção, organização, interação. Mas eles também apresentam o precário: pobreza, engarrafamentos, barulho, poluição, destruição, caos, exclusão. Uma diversidade de públicos, de interesses, de crenças, de necessidades, de anseios e pertencimentos emerge das cidades.

Assim, ao ampliar nossa compreensão sobre públicos e teologias, ao apreciar a preciosidade e descobrir a precariedade, ao perceber que há preciosidade no que se considera precário e que há precariedade no que se considera precioso, acreditamos que pode haver uma análise mais completa das ambiguidades das cidades e o papel crítico e construtivo que a teologia pública pode desempenhar neste contexto.

Pela primeira vez, esta 6ª Consulta do GNPT trabalha com 14 Grupos de Trabalho aprovados pelo Executivo, ao abrigo de um dos quais um documento pode ser submetido para apresentação na Consulta. Entre eles estão grupos que abordam migração, cidades na Ásia, habitação acessível e sustentável, educação teológica em cidades futuras, gênero e sexualidade, ecologia, digitalidade, Dietrich Bonhoeffer, teologias políticas e públicas e assim por diante (para uma lista completa com nomes e afiliações dos coordenadores e uma breve descrição ver o site mencionado).

A Chamada de Trabalhos e Inscrições

RUDOLF VON SINNER. A Chamada de Trabalhos está aberta até 01 de março de 2022. Uma proposta pode ser enviada (aqui) de acordo com as normas estabelecidas na Chamada de Trabalhos por e-mail para gnpt2022@pucpr.br. Cada submissão será então avaliada pelos respectivos coordenadores do Grupo de Trabalho e uma decisão e/ou considerações serão enviadas ao candidato até 20 de março de 2022.

As inscrições abrem no dia 01 de abril, online, quando a taxa de conferência de EUR 150,00 (R$ 150,00 ou equivalente para latino-americanos) deve ser paga para confirmar a inscrição. Estamos cientes de que, embora para alguns seja uma quantia bastante razoável, em muitas partes do mundo é uma quantia alta; o solicitante poderá, assim, sinalizar quanto pode pagar e isso será analisado e decidido pelo Executivo. A Consulta será realizada no Campus da Pontifícia Universidade Católica do Paraná em Curitiba e será transmitida apenas para os inscritos que desejarem participar remotamente. Trata-se, portanto, de um formato de conferência híbrido. Para qualquer dúvida, entre em contato com gnpt2022@pucpr.br . Bem vinda!

Conclusão

TED PETERS DE NOVO. O teólogo público não pode deixar de jogar vôlei conceitual. De um lado da rede está a globalização. Do outro lado da rede está a contextualização. Em 1979, a World Future Society cunhou a frase operativa “pense globalmente, aja localmente”. Von Sinner pensa na vibração das cidades ao redor do mundo. No entanto, ele também reconhece essa avaliação e ação local e contextual. teólogo público de Princeton, o falecido Max L. Stackhouse, tentou formular a preocupação.

“A globalização, entendida em seus significados mais complexos, poderia ser “para o bem” – tanto duradoura quanto para o bem-estar humano. Poderia promover uma civilização global altamente pluralista com maior perspectiva de paz com justiça. Em última análise, no entanto, é improvável que isso aconteça a menos que encontre seu foco em Cristo como Senhor, pois Cristo é aquele que tem e pode sempre renovar a aliança entre Deus e a humanidade e apontar as almas para a reconciliação com Deus e o próximo, e as sociedades covardes uma Nova Jerusalém.”

Agora, prefiro o termo, planetização, ao invés de globalização. Mas, isso não vem ao caso.

Acredito que a visão do bem comum do teólogo público inclui o princípio da subsidiariedade. O bem do indivíduo e o bem do contexto local devem permanecer em interação dialética com o bem comum geral. Vemos essa dialética na obra de Rudolf von Sinner e lhe agradecemos por isso.

Pandemic Religion in Brazil—Temptation and Responsibility

Rudolf von Sinner (PUCPR)
Jefferson Zeferino (PUCPR)

Religious incidence in Brazilian public space is a widespread fact that has been gaining new visibility in pandemic times. Responsibility in liminal situations represents specific theological hermeneutics, as well as what matters for the respective religious agents. Thus, based on a bibliographical review connected to an analysis of websites, this article aims to reflect on the current Brazilian context, the challenges to doing theology in Brazil today and points to some possible responses. “Pandemic religion”, as we call it, is the synthesis of theologies and religious practices that legitimise irresponsible approaches to life, vulnerabilising the other instead of assuming care-based ethics. Firstly, we briefly describe current theological trends, followed by an analysis of the Brazilian scenario by way of three representative scenes of public religious incidence that reflect a lack of responsibility in view of the pandemic challenges caused by COVID-19. Subsequently, we look back into history for alternative responses to public health crises that required theological positioning. In a Brazilian perspective of a public theology, we finally reflect on a responsible ethics that may help respond to the current challenges, particularly for pandemic religion.

Keywords: .

Ver artigo: https://www.mdpi.com/2077-1444/13/1/58/htm

A despatriarcalização de Deus na teologia feminista

Jaci de Fátima Souza Candiotto
Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Neste artigo, analisamos a importância da linguagem para a compreensão do divino e de nós mesmas/os pelo exame das nomeações clássicas que foram identificadas com figuras historicamente patriarcais. Ao fazer este percurso, evocando a estratégica da hermenêutica bíblica feminista, objetivamos desconstruir estas identificações e ressituá-las metaforicamente; privilegiar nomeações que se afastam da normatividade masculina para se referir a Deus. Geralmente, estas imagens estão associadas a um poder patriarcal, onde predomina uma linguagem metafísica e objetiva. Não obstante, quando essas imagens estão associadas a relações de reciprocidade, de inclusão das diferenças e do respeito da pluralidade, a linguagem é predominantemente metafórica. Além de estabelecer o contraste entre essas duas formas de linguagem, nossa hipótese é de que esta última é a mais adequada para se referir a Deus na época atual.

Palavras-chave: patriarcado, teologia feminista, nomeação divina, linguagem metafórica.

Ver artigo: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/73607/47866